Emprego e estabelecimentos agropecuários: explorando tendências contraditórias
Palavras-chave:
conta própria, economia agrícola, trabalho agrícolaResumo
Este trabalho busca compreender as tendências recentes e aparentemente contraditórias no mercado de trabalho agropecuário brasileiro, em que há, ao mesmo tempo, redução substancial da população ocupada (PO) e estabilidade do número de estabelecimentos agropecuários. São utilizadas técnicas de estatística descritiva, aplicadas aos dados de diferentes pesquisas: censos agropecuários, microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e microdados da Pnad Contínua. Os resultados mostram que, entre 2006 e 2017, o número de estabelecimentos foi sustentado pelo crescimento marcante observado na agricultura não familiar. Por sua vez, a queda da PO na agropecuária derivou exclusivamente da redução observada na agricultura familiar, que vivenciou, simultaneamente, redução do número de estabelecimentos e da PO média por estabelecimento. Pela perspectiva regional, observou-se que a queda geral da PO no período ocorreu sobretudo nas regiões Nordeste e Sul, onde a agricultura familiar sofreu redução significativa. Já a estabilidade do número total de estabelecimentos foi sustentada por avanços nas novas fronteiras agrícolas, no Norte e no Centro-Oeste, bem como pelo aumento, muito expressivo, do número de estabelecimentos não familiares no Nordeste. Os dados da versão anual da Pnad corroboraram a tendência de queda da PO mostrada pelos censos. Os dados da versão contínua da Pnad, que permitem analisar o período mais recente, mostram que as tendências persistiram, com o número de pessoas ocupadas na agropecuária caindo 15% entre 2012 e 2022.